quarta-feira, 25 de janeiro de 2012



Durante muito tempo contei mentiras a mim mesma com a pretensão de mudar o que eu sentia por dentro, mas não foi o suficiente para esquecer. Eu vestia disfarces para ninguém me reconhecer, fingia que não sentia, que não via. Engolia tudo aquilo que não me fazia bem, sem soltar nenhuma palavra a respeito daquilo que me fazia mal. Fui alimentando rancores, inventando ilusões, colecionando lágrimas e desperdiçando emoções. Achando que de algum modo aquilo iria passar. E passaram-se os dias, os meses, os anos, as pessoas. Passaram-se tudo, menos a dor. Tudo que eu sempre quis esquecer, ficou guardado por dentro e estampado por fora. Perdia-me em lembranças ruins, em histórias mal contadas, em mentiras deslavadas. Não conseguia me encontrar, me decidir, me definir. Queria mudar de rumo, queria mudar o mundo, nem que fosse só o meu. Durante muito tempo, numa busca incansável, num encontro desesperador, fui me achando, encontrando respostas e definindo sentimentos. Depois de várias contradições, cheguei a uma conclusão: Não existe uma definição exata para aquilo que sou, mas sou tudo aquilo que eu busco ser, um dia!

Maíra Cintra

terça-feira, 17 de janeiro de 2012



Hoje fazendo umas pesquisas, descobri que apenas o português possui a palavra saudade. Todas as línguas deveriam tê-la pois somente ela pode descrever o sentimento que possuímos quando sentimos falta de algo. Aliás, sentir falta de algo é muito pouco perto da saudade.
Saudade é um sentimento. Sentir falta é apenas uma vaga lembrança, uma pequena vontade. É um dos poucos sentimentos que possuímos desde que somos pequenos e que, conforme crescemos, evolui;  passamos a sentir falta de coisas tão subjetivas que somente quem possui a saudade sabe o porquê.
Quando somos crianças a saudade é mais palpável. Saudade da mãe, do pai, da avó. Conforme crescemos, passamos a sentir saudade daquele olhar, daquela  música, daquela sensação.
A saudade em questão envolve um calor, um carinho, um cuidado. Às vezes, quando coloco a cabeça no travesseiro, é nesse abraço que penso, nessa sensação de segurança que esse me passava. Nada como um bom abraço.


Flavianna Ribeiro

sábado, 7 de janeiro de 2012

Amor, agora eu tenho medo de falar seu nome em voz alta e faço promessas para guardar segredos que nem existem, que se contam sozinhos, sem que minhas palavras precisem sair. Eu sou uma mentira que você não quer entender. (...)
Uma perturbação no chão em que você pisa. Eu só sei ser triste, eu só sei ser sozinha. E eu não vou entregar tudo a você. Eu quero minhas dores só para mim, me desculpe. Quero minhas desilusões e minhas sentenças loucas.
Eu quero ser quente sempre, mas não consigo permanecer alegre e inteira. Porque eu sou só pedaços. Porque eu sou só resquícios.
Que seja sempre muito delicado esse seu impulso de sobrevivência.
Uso agora as palavras do mestre Buarque: “eu vou rasgar meu coração pra costurar o teu”. Passar bem.

Olhando no espelho noto-me contradição. Observo meus próprios olhos e relembro os tempos em que ainda havia brilho nos mesmos. Observo-os e vejo a tal decepção. Quem imaginaria olhar pra dentro de si mesmo um dia e sentir total agonia. Perdida em meus pensamentos desnorteados deixo escapar-me uma única lágrima como fiz naquela noite de dezembro, permito-lhe e faço com que valha por um milhão. Permaneço aqui na calada da escuridão, observando, observando-me. Permaneço e sinto-me escrava da situação, presa sem rumo ou escapatória prestes a ser devorada em um único bote, por uma única lágrima…